Folha Online – 22.02.2010 – Entrevista com PEDRO HERZ por Fabio Victor – Segundo o livreiro, cuja rede abrirá três novas lojas neste ano e passará a vender no novo formato, poder da indústria eletrônica é a causa de tanta badalação. O DONO da Livraria Cultura, Pedro Herz, avalia que o alarido em torno dos e-readers, os leitores eletrônicos que para muitos extinguirão o livro de papel, não passa de “uma nuvem”. A ameaça real ao futuro do livro, opina, é ausência de novos leitores entre os jovens. Para ele, há um apagão na educação do país que, somado à redução no tamanho das famílias instruídas, projeta uma perspectiva sombria para o livro no Brasil.
Numa viagem recente à Nova York, o dono da Livraria Cultura, Pedro Herz, fez um teste: ao andar de metrô pela cidade, observou quantos passageiros portavam e-readers. Em dez dias, encontrou um único leitor com o novo equipamento. Herz diz já ter visto burburinho semelhante em outros tempos, e atribui tanto barulho à sede da indústria eletrônica por escoar os novos produtos que cria a cada ano. Apesar do ceticismo, ele informa que em março a Cultura passará a vender 150 mil títulos de e-books em suas lojas.
Neste ano, a rede, que tem nove lojas (cinco em São Paulo e outras em Campinas, Recife, Porto Alegre e Brasília), abrirá mais três: Salvador, Fortaleza e uma segunda na capital federal. Com mais de 3 milhões de títulos em catálogo e 1.400 funcionários (serão mais 400 para as três novas unidades), a Cultura teve faturamento de R$ 274 milhões em 2009, crescimento de 18% ante 2008. Segundo Herz, está mantida a decisão de pôr fim à empresa familiar na terceira geração (ou seja, a de seus filhos) e de abrir em breve o capital. Por ora deu apenas o primeiro passo, se associando no ano passado ao fundo de investimento Capital Mezanino. O fundo tem 16% da empresa e a família Herz, 84% -Pedro preside o conselho.
Leia os principais trechos da entrevista que ele deu à Folha num restaurante paulistano.
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