“Evocar Edison Carneiro é termos diante de nós um verdadeiro Mestre”, afirma o Professor Braulio do Nascimento em texto inédito sobre o poeta, escritor, folclorista e pesquisador que empresta seu nome ao Museu de Folclore desde 1976.
Nascido e criado na Bahia, onde cresceu numa grande casa que acolhia amigos de juventude para debates e reuniões sobre literatura e questões político-sociais, pela qual circulavam Jorge Amado, Guilherme Dias Gomes, Aydano Couto Ferraz, entre outros, Edison Carneiro teve seu interesse pela escrita e pelo estudo ali despertado, e nesse contexto fundou a Academia dos Rebeldes, com poetas, romancistas, cronistas e amigos.
Em 1936, o amigo Jorge Amado publicou no jornal O Estado da Bahia artigo sobre Edison Carneiro, por ocasião do lançamento de seu livro Religiões Negras, afirmando: “eu o admiro e o amo como a um irmão que sabe muito, que todo dia me ensina uma coisa nova”.
Já no Rio de Janeiro, na década de 1940, atuando em várias frentes de trabalho, publicou Candomblés da Bahia (1948), Antologia do Negro Brasileiro (1950), Dinâmica do Folclore (1950), Linguagem Popular da Bahia (1951), O Negro em Minas Gerais (1956), A Sabedoria Popular (1957), Samba de Umbigada (1961), O Folclore no Brasil (1963) e Ladinos e Crioulos (1964).
Em 1961 assumiu a direção da então Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, hoje Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, empreendendo nova dinâmica à instituição. Acalentando novos projetos, logo no início de seu mandato inaugurou a Biblioteca Amadeu Amaral e criou a Revista Brasileira de Folclore. Imbuído desse espírito de vanguarda, em dezembro de 1962 redigiu a Carta do Samba, publicada durante o encerramento do 1º Congresso Nacional do Samba. Nela propõe “medidas práticas e de fácil execução para preservar as características tradicionais do samba”. Registre-se que apenas a partir do ano 2000 surge uma legislação própria para a preservação de bens de natureza imaterial. Agora em 2012 também comemoramos o cinquentenário da “Carta”.
Edison foi demitido do cargo de diretor pelo regime militar em 1964.
Recebeu da Academia Brasileira de Letras o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. Entre outros títulos, estão o de grande benemérito da Escola de Samba Portela e de sócio honorário das Escolas de Samba Mangueira e Acadêmicos do Salgueiro, no Rio de Janeiro, do Afoxé Filhos de Gandhi, na Bahia, e do Clube de Frevo Pás Douradas, de Recife.
Falecido em dezembro de 1972, deixou fecunda e efetiva contribuição para os estudos da cultura popular que repercutem até os dias de hoje.
É motivo de orgulho e alegria para o CNFCP ter Edison Carneiro como parte de sua história, cuja contribuição marcou de forma permanente a trajetória institucional.
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