Com o objetivo de conservar e preservar o acervo de livros e periódicos, a Divisão de Bibliotecas e Documentação (DBD) decidiu lançar uma campanha de conscientização, com atividades nesta terça, 16, e na quarta-feira, 17. Dolores Perez, diretora da DBD, explica a iniciativa e enfatiza o grande desafio de proteger os acervos para que eles não sejam danificados e percam o uso. Durante estes dois dias, um espaço será montado nos Pilotis da Ala Kennedy com divulgação de material e exposição de obras danificadas. Além disso, na terça-feira haverá palestras com convidados e apresentações com repentistas. A literatura de Cordel vai ser usada na campanha como uma forma descontraída de transmitir dicas e orientações aos usuários.
Como surgiu a ideia de fazer a campanha?
Na realidade, a preservação já é uma atividade, já é uma postura, uma conduta que a Biblioteca desenvolve. Ela procura passar isso para todos os usuários e funcionários, porque nós temos um patrimônio que deve ser conservado, preservado para que os livros possam ter uma longa vida, útil, em boas condições físicas de uso.
Quais os principais pontos que a campanha aborda?
O objetivo principal desta campanha é sensibilizar os usuários para o adequado uso e manuseio dos livros do acervo da Biblioteca. E, com isso, permitir que o material tenha uma vida mais longa, que a gente consiga retardar os danos, os malefícios causados pelo uso. O próprio uso causa o desgaste. Os livros são feitos de material orgânico, o papel, que já tem o desgaste natural, e se eles ainda têm um uso inadequado, isto contribui para um desgaste maior do material.
Como a campanha vai ser desenvolvida?
Nós vamos abrir a campanha na próxima terça- -feira, 16 de abril, aqui na PUC com duas palestras. Uma palestra vai ser sobre a Conservação e preservação da literatura de cordel, por Gonçalo Ferreira da Silva, cordelista e, atualmente, presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, e, Conservação e preservação de acervo em bibliotecas, por Valéria Sellanes, artista plástica, restauradora, e atualmente presidente da Libra Cultural.
Qual é o tempo de duração da campanha?
A campanha deve ter uma duração de médio e longo prazo. A preservação deve ser uma ação permanente nas bibliotecas. Nesse trabalho de sensibilizar novos usuários e até os usuários que têm o mau hábito do uso dos livros, a campanha deve durar aproximadamente três anos, pois nós precisamos colher dados, avaliar, e ver o impacto que ela realmente vai causar. Vamos ver se vamos conseguir os resultados com êxito.
Quais os danos mais comuns observados nos livros?
Os danos mais comuns são anotações que induzem a interpretações, rasuras, falta de páginas, pois, alguns usuários arrancam as páginas dos livros, manchas causadas por água ou café, fragmentos de alimentos que caem sobre os livros danificando o material. As pessoas que causam os danos aos livros, às vezes, tentam recuperá-los na maior boa vontade, porém, usam materiais inadequados como durex, marcadores. Em geral, quando os livros chegam nesse estado, não são mais colocados para a leitura na biblioteca. Temos, inclusive, o critério de, quando recebemos doações, não colocamos no acervo livros que têm anotações ou estão rasurados.
Como vai ser o monitoramento do uso dos livros?
Nós desenvolvemos uma metodologia para podermos monitorar e controlar o acervo durante a campanha. Então, estamos identificando, ao longo do ano de 2013, todos os livros novos que estão entrando para a coleção didática. Nós elegemos a coleção didática como a coleção que mais circula, que é mais emprestada, mais devolvida e mais consultada, e, por isso, também é a coleção que é mais vulnerável ao desgaste, devido ao uso intenso. Estes livros vão ser identificados externamente, e todas as vezes que eles forem emprestados, na volta, eles serão totalmente fiscalizados e analisados. Assim, será possível averiguar se há algum dano ou alguma rasura.
Por que o Cordel foi escolhido para ilustrar a campanha?
O cordel foi escolhido pela sua característica alegre, divertida. A maioria dos nossos usuários é composta de jovens, por isso nós queríamos uma forma de passar uma conscientização. O Cordel foi escolhido porque uma das bibliotecárias autoras do projeto descobriu em uma pesquisa uma biblioteca no Nordeste que tinha uma programa de preservação tendo como fundo a literatura de Cordel. Ela achou que realmente este gênero literário poderia preencher a nossa necessidade e juntar o caráter divertido e alegre, com a campanha de conscientização. Daí ela procurou a Academia Brasileira de Literatura de Cordel aqui no Rio de Janeiro e fez um contato com o presidente Gonçalo e isso caminhou para a nossa ideia.
Fonte: Entrevista por Julia Mendonça para PUC Urgente.