Neste ano de 2016, quando perfazem 180 anos do nascimento de Carlos Gomes, a Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ une seu precioso acervo de Carlos Gomes aos de outras sete instituições brasileiras e uma italiana, para numa candidatura única e binacional (Brasil e Itália) concorrerem ao registro e nominação de seus respectivos patrimônios culturais junto ao Programa Memória do Mundo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO.
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                                                                 CARLOS Gomes, ilustração de George Lopes.

A candidatura neste programa, que identifica os acervos de natureza arquivística, audiovisual e iconográfico que possam ser qualificados, registrados e nomeados, como sendo de grande valor para uma nação ou para a humanidade, da qual a Escola de Música faz parte, é coordenada pelo diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior, por meio de um projeto intitulado Antonio Carlos Gomes: composer of two world.
Segundo ele, “em caso de aprovação desta candidatura, já submetida a julgamento, cada uma das instituições concorrentes receberá o registro de sua documentação no Programa Memória do Mundo”, registro que para a UNESCO tem a mesma importância do título Patrimônio da Humanidade que ela outorga às cidades e obras arquitetônicas.
Informou também que, a Fundação Biblioteca Nacional e o Museu Imperial “já receberam nominações de candidaturas submetidas ao Registro Nacional do Brasil, há alguns anos”. Mas que nesta candidatura única e binacional, o Arquivo Nacional, a Escola de Música da UFRJ, a Fundação Biblioteca Nacional, o Museu Histórico Nacional, o Museu Imperial, o Museu da Universidade do Pará, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o Museu Carlos Gomes do Centro de Ciências, Letras e Artes e o Museo Teatralle alla Scala – Teatro alla Scala – Itália, estão se candidatando ao Registro Internacional do Programa Memória do Mundo.
Ainda sobre os dados desta candidatura, Dolores Brandão, coordenadora da Biblioteca Alberto Nepomuceno, noticiou que este projeto reuniu duzentos e oitenta e cinco documentos únicos do compositor Carlos Gomes, entre os quais, partituras manuscritas autógrafas, fotografias, cartazes, cartas, cenários de óperas, cartões- autógrafos, telegramas, rascunho de temas musicais para serem desenvolvidos, e outros.
Fez saber que a Escola de Música, com seu valioso acervo de Carlos Gomes, contribui para esta candidatura com oito partituras manuscritas autógrafas e quatro documentos. Dos documentos classificados na categoria de documentais está: um retrato de Carlos Gomes, do fotógrafo da Casa Imperial, Insley Pacheco, e um cartão autografado no Teatro alla Scala de Milão, com data de 21 de fevereiro de 1891 e duas cartas.
A carta, escrita em Milão, com data de 03 de setembro de 1878 tem como conteúdo, o agradecimento de Carlos Gomes a Alfredo Camarate, pelo apoio às suas obras. Na outra, sem referência de local e data, Carlos Gomes desculpa-se pela demora em responder as correspondências do amigo, Chrispim do Amaral, e reafirma a amizade entre ambos.
As 8 partituras manuscritas e assinadas por Carlos Gomes, possuem diferentes procedências: carimbos “Miguez”, “Instituto Carlos Gomes- Pará Belém-Brasil” e “Material de Theatro. Coleção Real Theatro de São João e Imperial Theatro São Pedro de Alcântara”.
Uma é um hino dedicado ao grande poeta português: A Camões: Inno triunfale: banda; três delas são fugas: Fuga Reale a quatro, Breve Fuga Tonale a 4, Fuga Tonale a quatro. A outra partitura é a peça musical Mormorio, sob a forma de improviso e as óperas Condor e Joanna de Flandres.
Dos quatro volumes da partitura para Coro e Orquestra, mais as 47 partes da ópera Joanna de Flandres, do 1º Ato, a Biblioteca Alberto Nepomuceno só possui a parte de apontar. Isto é, uma partitura reduzida, sem a instrumentação completa, que serve de guia para a regência.
Somado ao fato de todas as partituras serem manuscritas e de nelas constar os autógrafos do maestro, em quatro delas, existem observações do compositor para a execução das mesmas, que valorizam a importância histórica de cada uma delas e, seguramente, comprovam o inestimável valor do acervo Carlos Gomes da Biblioteca Alberto Nepomuceno para a memória da humanidade.
Fonte:http://www.musica.ufrj.br/
Escrito por Meri Toledo Fraga
Publicado em: 03.07.2016